Na evolução da Humanidade, as comunidades surgem como estratégia de otimização dos recursos dos indivíduos. A partilha destes recursos permite garantir maior segurança física (face aos predadores) e segurança de abastecimento (especialização em caça e, mais tarde, agricultura). Como vantagem adicional, evoluímos no conhecimento geral e na nossa capacidade de organização enquanto grupo, ultrapassando largamente os sonhos dos primeiros grupos que se juntaram.
As comunidades de energia oferecem derivações das vantagens iniciais: segurança física, optando por menores centrais e de energia limpa e segura, e segurança de abastecimento, não só por a organização local permitir a substituição de pelo menos parte da energia que nos chega de origens pouco recomendáveis, como a capacidade acrescida em lidar com fenómenos de perturbação da rede, como tempestades ou fogos, cuja frequência e intensidade se prevê aumentar. Também agora se preveem vantagens adicionais, como a democratização e acessibilidade da energia ou o potenciar de investimentos em energia renovável, crucial para a descarbonização da sociedade.
Este é um conceito permitido pelo desenvolvimento tecnológico, tanto na frente da energia como na da comunicação/informação, apenas agora atingido. No entanto, atendendo à existência de um sistema energético organizado anteriormente a estas possibilidades, tem tido uma evolução difícil. Tendo sido um dos primeiros países a legislar o conceito, três anos depois ainda não podemos estar satisfeitos com a fraca penetração do conceito na nossa sociedade.
Para perceber o potencial das comunidades de energia, foram convidados dez especialistas para, em cada uma das suas diferentes vertentes desta nova área de conhecimento, nos esclarecerem sobre as vantagens e limitações desta realidade na sua aplicação em Portugal.
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